No final de tarde na praia, o vento gostoso vindo do mar parecia trazer a noite, pintando de azul-escuro o céu claro do dia todo e dando brilho às estrelas e acendendo a lua, lá no alto. Os corpos apertados um contra o outro no tecido macio da rede branca, fazia coração pulsar sobre coração e pêlos roçarem-se em pêlos, unindo-se e trazendo-lhes o desejo da carne, do gosto do sal da pele misturado aos líquidos vindos do prazer a dois - de dois que tornam-se um. Como numa dança, conheciam-se. Olhavam-se, tocavam-se, beijavam-se. Reconheciam-se. Cada milímetro do outro era belo e cada segundo daquele momento, importante. Tinham sede um do outro.
E bebiam-se.
E bebiam-se.
29.07.2010
7 comentários:
Quero ter a graça de banhar-me dessa sede enquanto eu existir.
Lindo! É tudo lindo, sempre.
O texto, as imagens. Esses episódios que se perpetuam no Amor.
Nos dois peitos que pulsam unidos. No único pulsar.
O comentário acima disse tudo.
Mas esta melancolia me remeteu a um passado, bucólico, que vivi e que fora muito bom.
Beijos
engraçado, nunca vi tanto espelho na obra de alguém à me refletir.
gosto do modo que descreve o amor e os momentos únicos os quais ele proporciona; tua captura desses fragmentos me lembram muito a minha captura, no meu tímido canteiro. muito bom,, moço.
"Tinham sede um do outro.
E bebiam-se."
Na infinitude de um amor descrito como se fosse fotografia, uma das belas, aliás. :)
Beleza.
Tito,
Muito lindo!
A prosa-poética tem essa mistério, esse "Q" a mais. A narrativa prosaica e a beleza poética. E como você soube potencializar isso.
Foi-me uma janela essa leitura. Como avistar uma cena romântica, através de uma janela, de uma simplória casa de pescador, à beira mar. O som do vento, a textura do algodão grosso da rede, o cheiro do sal, a luz incerta do dia morrendo, o frio da brisa noturna se aproximando, e o calor do sangue dilascerando as veias bombeado pela paixão.
Simplesmente uma janela que, queira Deus, permanecerá aberta!
Abraço, querido!
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